segunda-feira, 25 de julho de 2011

Ética na internet? Qual ética?



Na Revista O Globo desta semana, a matéria principal era sobre a etiqueta dos relacionamentos amorosos em tempos de internet. Vamos adaptar este texto retirando somente o termo “amorosos” - não estou em condições algumas de dar palpite sobre isso.

O artigo disse, numa de suas frases que os site de relacionamentos atuais seriam acrópoles da Grécia Antiga contemporâneas. Para os que pularam as aulas de história e/ou geografia, acrópole era a parte da cidade construída nas partes mais altas do relevo da região e tem dupla função: enobrecer e elevar os valores humanos(?) e uma função estratégica, uma vez que permite que seja traçada uma melhor defesa.

O problema é que as pessoas confundem as coisas. Elas vêm um espaço que é um repositório aberto, do que você quer que seja e acham que pode opinar indiscriminadamente. A maioria das pessoas é ávida por dar a sua própria opinião, mesmo que esta não seja solicitada (e na maioria das vezes, não é mesmo).

Qualquer notícia, em especial as ocorridas durante o fim de semana cujo número de pessoas ociosas é muito maior, desperta uma série de comentários, críticas, elogios, reflexões, filosofias de copo e de vez em quando até umas epifanias. Por enquanto eu ainda não presenciei uma epifania online. Quem sabe da próxima?

Me irrita? Claro. Eu estou aqui, sentada na minha cama, recebendo o lixo do mundo em delivery. E o mesmo serve para o resto do mundo. Mas, sei que isso tudo vai embora com um clique. Hoje em dia, se pode deletar, bloquear, moldar e escolher o que você quiser, deixar só quem você quer ver o que você quer e- se você não quer nada na sua caixa de e-mails depois? Não tem problema, porque não precisa.

Calma. É o seguinte. Eu não estou falando de ética de relacionamentos ou ex relacionamentos amorosos e nem ética com relação ao trabalho, principalmente se é um trabalho que envolve consumidores. Na verdade,estou tratando de algo bem mais comum: do meu, do seu, do nosso direito de falarmos o que quisermos nas NOSSAS redes sociais, sem ter gente dando ataque no mural do nosso Facebook.

De novo, não é? Mark Zuckenberg tem que começar a tomar vergonha na cara e me reconhecer como divulgadora do site. Estou eu, entediada, numa manhã de domingo, vendo todas as caixas altas no meu mural por causa da morte da Amy Winehouse, aquela capa escandalosa do Meia Hora, e láaaa embaixo, uma pessoa, que me adicionou por... não sei o motivo. Só sei que a Instituição de Ensino é a mesma (e mesmo assim, no meu sexto ano de estudo consecutivo lá eu não vi essa pessoa, certamente devo ter passado direto várias vezes sem saber que ela era aquela lá do meu FB.) a pessoa pra cima, dizendo a todos para dizerem não as drogas e escolherem a vida.

Say no to drugs? Isso não era um slogan dos anos 90? Eu achei falso. Não ela, a mulher. Mas o discurso, o discurso falso, requentado, esse discurso moralista cristão me irrita porque ele não traz nada de novo. Poxa... vai resgatar o menino que está lá na crackolândia como? Mandando ele dizer não e escolher a vida? Tenho a sensação de que se eu tentasse isso na prática, o moleque roubaria meu dinheiro e me mandaria para aquele lugar.

Eu “já não estou boa”, ler esses comentários pollyanna me irritam mais ainda! E não estavam irritando só a mim. Morre uma pessoa e de repente, o santos surgem e baixam nas nossas redes sociais para nos darem conselhos e nos presentearem com pérolas de sabedoria.

Escrevi as seguintes linhas: “patético esse pessoal do "drogas não, escolha a vida". hello, queridos: vcs tbm irão morrer. Pfff” (suprimi o comentário sobre problemas mensais femininos) – e foi o apocalipse! - desculpe o trocadilho. Mas olhe, eu escrevi isso no meu perfil, no meu mural do FB. Ia aparecer no dos outros,se essa opção estiver habilitada para eles. Eu não tranquei nem nada porque, pisei em alguns calos mas esses calos estaVAM protegidos pelo anonimato. Até uma delas rodar a baiana comigo, porque claramente eu nunca vi ninguém morrendo dessa maneira e os médicos não tratam por que drogar-se é cometer um atentado contra a própria vida. Antes ela havia dito que é patético procurar a morte.

Posso argumentar? Agradeci e disse que lá o tópico não estava aberto a discussões e que a minha opinião -infundada (ou não) – porque afinal, também a minha vida não está aberta no FB – tbm não está aberta a discussões pelo FB. Resumindo: eu tenho uma opinião fortíssima sobre drogas, remédios, suicídios e impulso de morte e isso tudo, acaba se imbricando em várias crenças polêmicas que tenho – como a crença de que as drogas deveriam ser legalizadas e se tornarem um problema de saúde pública ao invés de segurança pública. Mas o Brasil não está preparado para isto. Obvio que não está. O Brasil não está pronto para uma série de coisas, mas vai fazer o que? Deixar tudo do jeito que estiver e esperar um milagre?

Houve essa tentativa de me censurar no Facebook porque essa pessoa viu um colega a deriva, cheio de sei lá o quê, sendo ignorado por médicos (que tipo de médicos e que tipo de hospital? COBREM DO GOVERNO!) porque se drogar é atentar contra a própria vida.

Volto a minha fala: morrer, vamos todos. Mesmo até dentro de casa. A torradeira pode cair na sua cabeça. Uma folha de louro ficar presa na sua garganta – e eu não estou sendo engraçadinha. Essas coisas de fato acontecem.

Reparem que na minha fala, no meu mural, eu não fiz apologia às drogas. Eu só critiquei de forma acida os santinhos, né?esse pessoal tão do bem, tão bem resolvido. Não tomam café, nem uma aspirinazinha.

Minha página vale um bate boca porque eu falo “patéticos os do drogas não, vida sim”, bati e levei o tapa de volta mesmo. Honrada. Eu sou humana feita de pulsão de vida e de pulsão de morte – e talvez mais um pouquinho da pulsão de morte.

Acho sinceramente menos humana uma pessoa que acorda, olha animadamente a janela ensolarada cedo da manhã, pula da cama, diz bom dia (pra quem?) e agradece a Deus. Isso não faz o menor sentido no meu mundo. Parece que eu estou servindo um astro que me dá calor.

Eu salvo o mundo do meu jeito. Não preciso desfiar o rosário de misérias pelos quais meus amigos, colegas, conhecidos tenham passado na rede, para que eles se tornem exemplos bons ou maus de qualquer coisa.

A privacidade para mim, bate Política e Religião.

E, para terminar e deixar claro: tanto neste blog, quanto no outro, quanto no meu FB: Eu não deleto comentários. Acho falta de respeito. As vezes eu não respondo, principalmente quando eu vi que o mesmo argumento está sendo repetido. Mas, a minha primeira reação a comentários inflamados e críticas desconstrutivas é chamar o próximo, eu não preciso ficar horas tentando convencer ninguém, se o assunto não é tão importante assim. Minhas redes sociais e blog uma são uma espécie de ditadura. Eu não digo a ninguém que não podem falar A ou B ou W ou Z, podem sim! Mas eu posso desconsiderar tudo que foi dito. Eu lerei. E como a magnânima do meu blog ou do meu Facebook, tenho a palavra final. Creio que estarei certa bem mais vezes do que imagino.

Mas eu posso considerar que A é um argumento ingênuo para este tema, mas pode melhorar – só que este tema não estará eternamente em pauta.

Os temas em pauta, em qualquer blog meu, em qualquer rede de relacionamentos na qual eu mantenha um perfil e esteja logada nesse perfil são também meus. Não são proibidas interações. Serão proibidas pessoas que se sentem ofendidas e que vem bater boca em público de como eu sou indiferente e não piedosa, ou qualquer ajetivo que uma pessoa que não me conhece pode pensar para me definir